O Deus da Dor


E estava ele lá
Caído
Fétido
Desmanchando em sangue e dor
Ele que outrora era a panaceia dos covardes
Ele que vomitava o futuro desbravar das mentes
Pois apenas ele poderia livrar os bastardos da injúria e permissão.

Os invejosos se debruçavam em sua sabedoria
Os inglórios cantavam loas ao Deus da dor
Com cânticos e danças
Com terra e chamas
Pois ele era único
O seu mijo era saboreado como se fosse o néctar do olimpo
Ele era o bastante
Ele era o total de todas as somas
Ele era o resultado de todas as perdas
Ele era.

E estava ele lá
Caído
Fétido
Agonizando com o engasgo do seu próprio sangue coalhado
E ninguém se quer o viu
Ninguém se quer ouviu
Ahhh miseráveis sem ritmo nem tom
Sem cor nem feição
Que sugaram até a última gota de sua vida
Como um carrapato na orelha de um cachorro doente.

Pobre excremento esquecido do pudor
Duvidosamente acreditado
Foi assim que acordou dos teus sonhos na madrugada cinzenta
Imóvel sob o infinito azul
Ele padece e parece apenas dormir
Até chegar o último golpe da foice
Da besta
Da morte.

Gemendo, gemendo e gemendo
Numa orgia frenética de dores alucinantes
Ele apenas assiste ao desmame da vida
Sobe e vê o seu corpo dilacerado ao chão
Agora tudo é brando.

E estava ele lá
Caído
Fétido
O Deus da dor

(Bruno Kaoss) 11/02/2012

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Bruno Kaoss

Um apaixonado por todas as formas de expressões artísticas, em especial a Música. QUESTIONADOR... Adoro divulgar informações e promover debates sobre questões sociais, econômicas, políticas, ambientais e culturais.

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