“Pode ser um sonho, mas eu acho que sim, que é possível “viver de arte” em nosso país, é completamente possível, o que não nos parece mais possível é a continuação de uma gestão política desinteressada e desrespeitosa na relação com a cultura local, as linguagens e com a própria classe artística”. (Bruno Kaoss)
Escrevi isso em meu blog dia 17 de junho de 2011, (http://brunokaoss.blogspot.com.br/2011/06/precisamos-fazer-alguma-coisa-e-urgente.html) na época encontrava-me frustrado com o descaso da cultura em nossa cidade, e como tudo na vida tem um lado bom, a partir daí busquei forças e junto com grandes amigos tiramos do papel um dos projetos mais ousados para um artista amador, o Icozeiro. Mas o que eu jamais poderia imaginar, é que esse descaso ficaria pior.
Para mudar a realidade cultural de Icó a questão é fundamentalmente orçamentária, porque a demanda é imensa e muito rica e os recurso quase que nulos para tal feito. Temos uma cidade que tem uma dimensão artística quase que infindável, e isso é uma colcha de retalhos no quesito de investimento do poder público para com o bem cultural, não só na esfera municipal, mas estadual e federal. Eles não conseguem atender a demanda, ou nunca tentaram realmente. Não temos se quer um fundo de reservar. Somente quando se mudar a consciência de que CULTURA não é despesa e sim investimento, de que ela mexe diretamente com o cidadão enquanto social, quando houver essa visão e uma aplicação maior de recursos, acredito que possam mudar alguma coisa.
A expressão “aculturar” serve para classificar os atos e ações que visam impedir e enfraquecer as manifestações culturais de um suposto povo, ou sociedade, algo do tipo que se sucedeu com os negros e indígenas no processo de colonização do Brasil. Ou seja, impede-se as suas manifestações, impõe-se novos hábitos, e, gradativamente, tradições e todo um conjunto de costumes se perdem.
Guardada as devidas proporções, não pestanejamos em afirmar que Icó, há cerca de três anos, desde que a atual gestão assumiu o comando do município, a Cultura local passa por um execrável processo de aculturação. Infelizmente.
Vejamos. Quais seriam as funções de uma secretaria municipal de Cultura? Muitas, é óbvio, mas podemos destacar: Fomentar as manifestações artísticas locais, incentivar, criar meios para financiar as suas estruturações, apoiar projetos, executar oficinas e se mobilizar para o surgimento de novos talentos artísticos. Mas, pelo que nos consta, nada disso é feito. Ou melhor, o pouco que é feito, são funções de produtores de eventos, e não de gestores culturais.
Bem, para uma gestão municipal que se mostra incapaz de resolver questões básicas, a exemplo de manter as ruas sem buracos, e limpas, fazer com que postos de saúdes atendam dignamente a população, dentre outras tantas situações lastimáveis e absurdas, não nos causa surpresa o abandono ao qual a Cultura está sujeitada, hoje por exemplo, estamos há quase 2 meses sem um gestor na pasta da cultura. Vale ressaltar que estou me referindo a uma cidade riquíssima em talentos artísticos, da música, teatro e literatura, e que, contraditoriamente, se orgulha e tira proveito, vendendo a imagem de ter sido a terra capital por 1 dia, ou por ter o teatro mais antigo do Ceará. Imagine se não fosse. E que o único evento realizado 100% pela pasta da cultura é o Forricó, diga-se de passagem que este é um evento TURISTICO e não CULTURAL.
Entra partido e sai partido, e parece que todos seguem a mesma cartilha do desrespeito, descaso e falta de atenção para com a cultura. Discurso não falta, muita oralidade, reuniões e viagens, mas não passa disso. Promessas aos montes, mas que não se cumprem. Parece que estamos fadados ao domínio programático de partidos políticos incompetentes que amarram todas as ações em função de seus interesses partidários.
Infelizmente.
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